28 de jan. de 2011

Ferias Brasil -


Post feito pela mae da Fer.*

Gentem, não reparem não, mas eu sou muito detalhista. 
18 de dezembro de 2010. Dia muito esperado por todos nós. A Fer ia voltar pra passear depois de exatos 2 anos e 2 meses. Quer dizer, os outros não a viam todo esse tempo, pq eu e o Lucas tínhamos ido visitá-la em 2009, mas mesmo assim, a saudade era enorme, e a expectativa tb, pois ela vinha também com o propósito de conseguir o visto novamente... aí já viram a ansiedade né?
Bom, 8h30 da manhã desse dia, estou tomando café e esperando o horário de ir ao aeroporto. Já sabia que a viagem havia sido difícil, pois em DC ela quase não embarcou por conta de confusão nas passagens e em NY foi a mesma coisa. Então eu já estava nervosa qdo o telefone tocou e ela com a voz toda chorosa diz que dentro de 1h mais ou menos estaria em Ctba (ligou de SP)  mas que as bagagens haviam sido extraviadas. CHOQUE. Como assim, cadê as malas? Depois eu explico, vai me pegar no aeroporto, foi o que ela me disse.
Fiquei meio tonta na hora. Imaginei como ela estaria nervosa, sem malas, sem roupas, se tudo o que ela tinha de melhor, por não saber se ela voltaria caso o visto não desse certo, ela colocou tudo o que pode e o que não pode nas malas. Calma, pensei... vão aparecer...pensei isso mas meu coração não compartilhou da mesma calmaria....tava aos pulos. Acordei seu irmão e falei do acontecido e imediatamente nos colocamos em oração. 

Chegando ao aeroporto, encontramos com o pai dela, a madrasta, avó, prima, tia. Todos apreensivos e ansiosos para vê-la qdo contei da sua ligação. Foi aquela tristeza em solidariedade a Fer. Mas ao vê-la nossos corações se alegraram muito. Foram-se os anéis, mas ficaram os dedos já dizia minha mãe. Beijos, abraços, lágrimas e palavras de conforto (que não sei de onde vinham). Depois de algum tempo fomos para casa com o objetivo de comermos algo, quer dizer, a Fer queria comer. Com tudo o que houve, apesar da comida de avião ser maravilhosa (eca) ela não tinha comido nada. Fomos guardar a mala em casa primeiro. Mala? Eu disse mala? Sim, ela trouxe uma só de sapatos que só não se perdeu pq estava com ela dentro do avião...Saímos pra almoçar, e ela que dizia estar morrendo de vontade de comer carne, churrasco, parou logo na primeira rodada dizendo que tava tonta, com os nervos abalados, portanto, a fome fugiu dela. Afe. 

Voltando pra casa, ela foi descansar um pouco. E eu tb fiz o mesmo para não fazer barulho na casa. Pouco tempo depois vem ela com a cara toda amassada: - mãe, quero tomar banho e não tenho roupa pra trocar, nem calcinha....snif...Lá fomos nós, perto uma semana do natal para o centro da cidade, a fim de comprar ao menos lingerie e uma calça para ela. Que sufoco. Todos tiveram a mesma idéia, tb perto do natal o que era de se esperar?

No domingo à noite, depois de um dia bastante agradável, onde ela viu quase todos da família, ligamos para o aeroporto pra saber noticias das malas, e não é que uma tava lá? E eles nem avisaram nada. As 22h30 estávamos no aeroporto para o 1º resgate. Tudo ok. Foi aberta e remexida claro, mas estava tudo lá. Pelo menos era o que ela pensava. Pelo menos era a mala de verao que tinha vindo, ja que a Fer tinha feito uma de inverno e uma de verao. Mas nada da segunda mala... Fé e decepção andando lado a lado....Mais espera... Na segunda feira era o dia dela voltar pra SP atrás do tão esperado visto. Ligamos de novo pro aeroporto. Lá estava a desaparecida. Desta vez não saímos correndo. Já que a Fer teria que ir pra lá mesmo a tarde, esperamos a hora com paciência pra pegar a tal mala. Aí a decepção foi feia mesmo. A mala foi aberta, mexida e remexida, saqueada até não quererem mais nada. 3 kg a menos de bagagem. Foi orientada a ver com calma tudo o que faltava e depois mandar um email para a TAM solicitando indenização. (já tem mais de 30 dias e até agora nenhuma novidade)  Estão verificando....é o que me dizem qdo ligo lá pra saber).
Mais choro. Roubaram minha bolsa favorita, que ganhei de presente. A outra que acabei de comprar tb levaram. Tinha uma pra vc tb mãe. Afe, até meu presente levaram???? Total de bolsas: 4. Filmadora, ipod, perfumes, cremes  num total de quase 700 dolares de prejuízo. Aí é de chorar mesmo!

Bom, no dia seguinte pelo menos uma boa noticia.  O visto foi concedido. E com o visto aprovado vieram tb os problemas, as questões finais. E agora? A Fer queria voltar pro USA, mas morar onde? Trabalhar onde? Não tinha nada em vista, pq as pessoas não a contrataram antes de vir pq não sabia se o visto daria certo. Mais um problema a ser resolvido, e mais uma preocupação pra quem é mãe. Passamos um natal apreensivo. Felizes por estarmos juntos, mas com uma expectativa maior que antes.

Quando a Fer resolveu ser aupair, há 3 anos atrás, depois de saber bem o que era isso, apoiei em tudo o que pude. Sabia que ela teria uma casa pra morar e um emprego para seu sustento. Agora era diferente e pra piorar, a Fer vivia com o pc nas mãos, falando, brigando, discutindo com seu amado que criou uma ilusão muito grande na cabeça dela, dizendo que poderiam morar juntos qdo ela voltasse, se voltasse. Só que ele mudou de idéia por questões de mal relacionamento. Em certo ponto não tiro a sua razão, porque se um casal vive discutindo, terminando e voltando, não tem como irem morar juntos enquanto não acertarem seus ponteiros (o que pode nunca acontecer). Mas mesmo assim, eles sempre tocavam no assunto e por a Fer nao ter onde morar, tava certo que eles iriam dar esse passo. Mas assim que ela chegou aqui ele nao conseguiu dizer a mesma coisa. Aí agüente choro...mais e cada dia mais.

Bom, logo veio a semana anterior ao ano novo e a Fer foi pra praia com os familiares paternos. Mas até onde eu sei, ela não se desconectou direito dos USA mesmo não usando o pc, mas sim em seus pensamentos. Não foram as férias tão esperadas e desejadas.  
De volta pra casa, a Fer ainda não sabia se ia voltar ou não. E eu como mãe, não podia simplesmente decidir por ela, pq caso fizesse isso, um dia poderia ouvir que eu lhe neguei a chance de tentar mais uma vez. Achava claro que aqui ela teria chance de conseguir um bom emprego, pois falando o inglês fluentemente fica mais fácil .

Enquanto isso os dias passavam, as horas passavam, e a Fernanda so chorava. Por alguns momentos, pensava em ficar. Chegou até a mandar um (apenas 1) currículo, com certeza torcendo para que não desse certo.. Mas já na hora seguinte ela mudava de idéia. O namorado aparecia, mandava e-mail, ela mandava em retorno com esperança de algo finalmente dar certo, discutiam mais um pouco, e eu só observando e absorvendo tudo isso. Ele queria que ela dissesse uma coisa, ela queria ouvir outra. 
Meu coração doía em vê-la nessa situação, sabendo da sua vontade de ir, sem ter onde ficar. Mas quem tem amigos verdadeiros, dispostos a ajudar, já é meio caminho andado  e uma alma generosa chamada Rafa, lhe permitiu que ela tentasse mais uma vez, deixando que ficasse na sua casa por uns dias até que conseguisse um lugar pra morar.
Mesmo assim a Fer não estava feliz. (E ate agora nao esta dando pulos de alegria, a tristeza ainda toma conta dela)

Faltando 5 minutos pra sairmos de casa rumo ao aeroporto a Fer ainda chorava no meu colo, com medo de tomar a decisão errada. E eu? O que uma mãe pode fazer nessas horas? Orar, consolar e aguardar...
Decisão tomada, lá fomos nos. Fernanda foi pra SP um dia antes pra encontrar-se com outra amiga onde dormiria na sua casa pra facilitar sua ida. Meu Deus! Mais um sufoco e angustia. O encontro delas que seria as 18h mais ou menos aconteceu horas mais tarde, pq o vôo dessa amiga tb atrasou, então, liga Fer do aeroporto dizendo que tava cansada de esperar, com fome ( sim, pq ela não quis almoçar antes de sair)  sem noticias da amiga. Em seguida,  liga a amiga pra mim, dizendo que o vôo dela foi alterado o rumo, iria pra outro aeroporto e não tinha como avisar a Fer. Fiquei quase louca de tanto que o telefone tocava aqui em casa nesse dia. Era amigos, tias, todos querendo saber se Fernanda tinha ido mesmo embora. Pensei até em tirar da tomada o telefone, mas por medo dela ligar, não o fiz. E ela ligou mesmo...vááárias vezes.
No final deu tudo certo graças a Deus mais uma vez. E lá se foi minha filha com a cara e a coragem.

E não é que qdo chegou em DC deu problema no vôo de novo??? O horário de vôo que ela tinha comprado já nem existia mais, só esqueceram de avisa-la. Isso pq a Fernanda comprou as passagens um pouco adiantado (03/10). Teve que pegar num outro horário. As bagagens foram pra um lado e Fernanda pro outro... ninguém merece.
Ela chegou sem malas outra vez e demoraram mais de 48 horas pra entregar.
Nesse tempo todo, eu ficava conectada no pc feito adolescente que acabou de ganhar um notbook. Não desgrudava aguardando novos acontecimentos.  Ainda bem que estou de férias, assim ninguém presenciou meu sufoco e minha angústia.
Só que não tinha acabado ainda essa novela mexicana. A Fer ainda não tinha emprego, estava morando de favor com uma amiga (anjo), tinha terminado um namoro de quase 3 anos, e pra piorar conseguiu pegar uma gripe daquelas que viram pneumonia em dois tempos. Achei que minha filha estava com depressão, pq não queria saber de sair da cama nem pra comer.
Fiquei irada. Mandei vários emails com sermões e mais sermões. Falei que se era pra ficar desse jeito, melhor seria não ter ido, e bla  bla bla, a  vida continua, um dia a gente ganha e no outro a  gente perde, mas o que não se pode perder nunca é a  fé, a vontade de vencer, de viver.
Enfim, falei trocentas vezes aquelas coisas que mãe não cansa de falar.

O prazo da faculdade estava esgotando. Ou ela ficava e pagava, ou cancelava , pegava o din de volta e comprava passagem pra voltar, o que ela não queria fazer de jeito nenhum, mas não estava vendo outra saída.
Todos os dias, todas as horas, estava eu no pc, falando, aconselhando, consolando. Acordava e ia direto ao pc pra ler se tinha novidade. Passava quase que o dia todo ligada aguardando e sofrendo junto com ela.

Graças ao bom Deus a Fernanda hoje já sabe como vai fazer no futuro, em relação a trabalho  e a faculdade. Claro, está triste ainda com o fim do namoro, chora sempre que as recordações vem em pensamento, mas um pouco mais confiante no futuro.
Meninas, mãe sofre pra caramba. Sofremos em dobro a cada dor que os filhos sentem mesmo sabendo que faz parte do crescimento deles,  mas vibramos com cada vitória, por menor que seja, e eu estou feliz agora!

Se “faltou” algo a Fer acrescenta no próximo post. Obrigada pela paciência.
Sonia

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